segunda-feira, 27 de junho de 2011

O metrô nosso de cada dia


Quarta-feira, Betim, cinco e meia da manhã. A auxiliar de faturamento Janice Guilherme de Angelis já está pegando um ônibus com destino à Estação Eldorado, em Contagem, ponto de partida da linha de metrô de Belo Horizonte. Depois de uma hora no ônibus, Janice desembarca na Estação Eldorado, mas na maioria dos dias não consegue entrar no primeiro trem às seis e meia da manhã por causa do grande volume de passageiros que utilizam o metrô nesse horário. Normalmente, ela embarca no segundo trem, o que provoca uma espera maior, já que o intervalo entre os trens no horário de pico chega a 4 minutos. Após embarcar no metrô, Janice gasta entre 44 a 45 minutos até a última Estação da linha, a Vilarinho. Para chegar ao local de trabalho, a auxiliar ainda pega outro ônibus por mais cinco minutos. Mesmo gastando cerca de duas horas e meia para chegar ao trabalho, a moradora de Betim afirma que prefere usar o transporte metroviário, que para ela, é a opção mais rápida. “Se fosse de ônibus, gastaria umas três horas ou mais com o trânsito. E com metrô é muito mais rápido”, explica. Se utilizasse apenas o ônibus, Janice pegaria um coletivo de Betim até o centro de Belo Horizonte e depois um outro ônibus que a levaria à Venda Nova.

Desembarque na Estação Eldorado às 19 horas


Mesmo em pé, usuários têm mais espaço físico do que nos ônibus


O trajeto que a auxiliar de faturamento, Janice Guilherme, faz todos os dias de metrô tem duração média de 44, 1 minutos, segundo estimativa da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). Esse é o tempo necessário para percorrer as 19 estações da linha de 28,6 quilômetros de extensão que compõe o sistema de transporte metroviário de Belo Horizonte. Atualmente, o percurso do metrô vai do Bairro Eldorado, em Contagem, região metropolitana da capital, até o Vilarinho, na região de Venda Nova.

A infra-estrutura do metrô

19 estações do sistema metroviário de Belo Horizonte



A linha do metrô em Belo Horizonte permite o transporte de passageiros entre as regiões oeste e norte da capital, passando pelo centro da cidade. Dentre as 19 estações, apenas São Gabriel, Lagoinha, Eldorado, Central, José Candido da Silveira e Vilarinho possuem terminais de integração com 222 linhas de ônibus de Belo Horizonte e região metropolitana. Ao todo, são 25 trens que desenvolvem velocidade média de 40 quilômetros por hora, mas entre as estações, a velocidade dos trens pode chegar até 80 quilômetros por hora.

Com essa estrutura, o metrô de BH atualmente consegue transportar mais de 200 mil usuários diariamente. E essa demanda vem aumentando nos últimos anos. De acordo com o Gerente Regional da CBTU - Metrô BH, Fernando Pinho, em um ano, a empresa registrou um aumento de 15,34 % no número de passageiros do metrô, passando de mais de 43 milhões de usuários em 2009 para cerca de 50 milhões em 2010. Fernando Pinho ressalta que, somente até maio de 2011, o sistema metroviário já levou quase 23 milhões de pessoas, o que equivale a aproximadamente 50% do volume de passageiros no ano passado. A expectativa é que até o final do ano esse número seja ainda maior que em 2010. O gerente regional da CBTU aponta a maior agilidade do metrô no deslocamento em comparação com o transporte rodoviário, seja de ônibus ou de carro, como o principal fator que explica o aumento da demanda no sistema metroviário. “Não existe um estudo técnico para fazer essa avaliação. Mas é possível perceber que à medida que o trânsito de automóveis fica cada vez mais congestionado e são feitas mais obras nas vias urbanas, a demanda de usuários no metrô vem aumentando”.

Fernando Pinho ressalta ainda outros fatores que impulsionaram a evolução do transporte de passageiros no metrô, como conforto, segurança, serviços de comércio, prestação de primeiros socorros aos usuários e tarifa reduzida. O gerente regional da CBTU – Metrô BH destaca que a tarifa do transporte no valor de R$ 1,80 atrai muitos usuários, já que é bem menor em relação ao preço das passagens das linhas de ônibus, cujo preço mais baixo é R$ 2,45. Ele aponta ainda como vantagem o sistema de integração com o transporte rodoviário que também sai mais barato para os passageiros. A tarifa de integração é a soma do valor da maior tarifa mais a metade da menor tarifa. A auxiliar de faturamento, Janice Guilherme de Angelis, por exemplo, ao sair de metrô da Estação Eldorado e pegar um ônibus na Estação Vilarinho gasta R$ 3,35 ao invés de R$ 4,25 que seria a soma dos valores integrais das tarifas de trem e ônibus.

Para entrar nos trilhos

Apesar de o metrô ser uma alternativa que tem como principal vantagem a economia de tempo no deslocamento da população, o sistema metroviário de Belo Horizonte ainda possui limites. Luzia Eli, moradora do Bairro Califórnia, trabalha com vendas e usa o metrô todo os dias. De manhã, ela sai da Estação Gameleira e vai até a Estação Central e à noite da Estação Santa Efigênia retorna para a Gameleira. A vendedora diz que é muito mais fácil utilizar o metrô, mas ressalta que faltam mais trens e linhas de integração. “O pior do metrô é a falta de integração de ônibus. A Gameleira mesmo, não tem integração nenhuma. Se tivesse uma integração com vários bairros como na Estação do Eldorado seria melhor.”, defende. Sobre a integração, o professor da UFMG, especialista em Engenharia de Transportes e Trânsito, Dimas Palhares, destaca que apesar de proporcionar um conforto maior do que o oferecido nos ônibus, o metrô não tem a mesma facilidade de acesso a qualquer lugar como um ônibus. “O metrô é muito bom quando você mora perto de uma estação. Uma pessoa que está na Praça Sete, por exemplo, e quiser pegar o metrô tem que descer a Avenida Amazonas, três, quatro quarteirões; atravessar a Praça da Estação; mergulhar naquela escadaria e subir a escada para chegar à plataforma. O metrô só atende à região em que passa”.

Sobre a falta de trens,Fernando Pinho avalia que, à medida que a demanda pelo metrô cresce, é preciso investir na expansão do sistema. “Hoje para a linha em operação seriam necessários mais 10 trens para diminuir o intervalo do metrô, que hoje é de 4 minutos no horário de pico. Esse tempo poderia diminuir para 2 minutos.”, explica.

Além disso, segundo Dimas Palhares, até mesmo o sistema metroviário de grandes cidades do mundo, como Nova Iorque, Londres, Madri e Paris, que possuem uma infra-estrutura maior, consegue realizar, no máximo, 20% de todas as viagens urbanas. No Brasil, esse número é ainda menor de acordo com o professor da UFMG. Em São Paulo, por exemplo, o metrô abrange 10% das viagens e em Belo Horizonte, apenas 1,8%.

Devido a essa pouca abrangência muito se discute sobre a necessidade de expansão do sistema metroviário. No entanto, o especialista em Engenharia de Transporte e Trânsito, observa que o custo de ampliação do sistema metroviário é muito alto. De acordo com o professor, são necessários investimentos de 100 a 130 milhões de dólares para construir apenas um quilômetro de linha e mesmo assim continuaria atendendo somente uma pequena parte da população. O professor defende que a expansão do metrô não pode ser encarada como a única solução para o problema do transporte público nas grandes cidades. Para ele, o planejamento de diversos sistemas de transporte é uma boa estratégia. “O melhor modelo para uma cidade é ter vários módulos adequados para cada tipo de situação, por toda a cidade; e a pessoa escolhe qual é o melhor módulo, dependendo da viagem que ela vai fazer”, conclui.

domingo, 26 de junho de 2011

Quanto tempo leva?

Com uma câmera na mão e coragem para enfrentar o metrô em horário de pico, nós, editoras do Rende Pauta, decidimos aprimorar nossa experiência sobre o sistema metroviário de Belo Horizonte. Quanto tempo gastamos e quais são as condições da viagem de um extremo ao outro da Linha 1 de metrô, em BH? Escolhemos a quarta-feira, dia 22, véspera de feriado, para ver como andavam (ou não) as coisas. Pegamos um ônibus em frente à UFMG, na Avenida Antônio Carlos até a regional de Venda Nova. O trânsito estava caótico devido às obras na Avenida. Nesse pequeno trajeto, gastamos quase uma hora. A demora atrapalhou nossos planos de pegar o metrô em horário de pico, por volta das 17 horas, mas não desistimos. Ao chegar à Estação Vilarinho, pegamos o metrô que nos levava até o último terminal da linha, a Estação Eldorado, em Contagem. Ao todo, são 28,6 km. Confira o vídeo!




Quem chega primeiro

Eu (Ana Cristina) e Larissa decidimos ir à rua para ver como é andar de metrô e de ônibus em BH na famosa "hora do rush". Fizemos o mesmo trajeto para averiguar quem iria chegar primeiro. Saímos da Praça Sete, região central de Belo Horizonte e fomos até o Minas Shopping no Bairro União, região nordeste da capital. Larissa de metrô e eu de ônibus.

Nos surpreendemos com o resultado... Vimos que em condições ideais ambos os meios de transporte podem gastar praticamente o mesmo tempo para fazer este trajeto.

Veja o resultado da nossa experiência jornalística nos vídeos abaixo.

1 - Saindo da Praça Sete - 18 horas

2 - Pegando o ônibus - 18h05 / Desembarcando no Minas Shopping - 18h20

3 - Pegando o metrô - 18h25 / Desembarcando no Minas Shopping 18h42

4 - Resultado...

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Nossa primeira pauta

E o nosso primeiro assunto que rende pauta é o metrô de Belo Horizonte. Muito se discute sobre a necessidade de se criar um sistema complexo de transporte metroviário que possa atender uma parcela maior da população, o que provocaria melhorias no trânsito da capital. Mas mesmo diante dessa necessidade e dos limites do metrô - que possui apenas 19 estações, ao longo de um trecho em linha reta de 25 quilômetros que vão da Estação Eldorado em Contagem à Regional Venda Nova, na Estação Vilarinho -, as estações parecem estar cada dia mais "inchadas", tentando atender a parte da população que começa a ver o metrô como uma alternativa mais rápida e segura de deslocamento, em meio ao caos do trânsito de Belo Horizonte na famosa "hora do rush"!

Nossa primeira reportagem especial pretende verificar o papel do metrô no transporte público em Belo Horizonte e a evolução da demanda, fatores que revelam a necessidade de ampliação e melhoria da qualidade do serviço de trens, bem como de todo o sistema de transporte e trânsito na capital mineira.

Será que rende?

"Rende pauta": quem é ou convive com jornalista sabe o significado dessa expressão. Quando alguém fala essas duas palavras em meio a uma redação quer dizer que um determinado assunto tem potencial para se transformar em uma reportagem. Um acidente de carro, um festival de cultura, denúncias de corrupção ou até mesmo o nascimento de uma espécie exótica no Zoológico de Cabrobró: o que você acha que rende pauta? O que merece destaque? Neste blog, vamos tratar de temas que consideramos boas pautas. Ele surgiu como suporte para apresentação do nosso trabalho final da disciplina de Técnicas de Pesquisa e Reportagem e é um espaço de experimentação de produção jornalística para a web. Nosso objetivo é explorar por meio de textos, áudios, imagens e vídeos, temas que consideramos interessantes. Esperamos que gostem, comentem e também sugiram. Seja bem vindo(a)!

AS PAUTEIRAS

Ana Cristina Mazeo Rabelo e Larissa Flores Leão cursam o 4º período de Comunicação Social, na Universidade Federal de Minas Gerais. Atualmente, Ana Cristina é estagiária do Núcleo de Jornalismo da Rádio UFMG Educativa, onde produz notas e matérias para os jornais da emissora. Larissa é estagiária do Projeto Manuelzão e cuida da produção de matérias para a Revista e site do Projeto.